domingo, 17 de dezembro de 2006

lendo mãos

Ontem, na comemoração de pré-natal entre os amigos, tive uma experiência curiosa: leram minha mão! Em qualquer situação, para mim, isso seria algo muito banal e sem importância alguma, uma brincadeira de criança. Mas ontem não foi bem assim. Devo confessar: meu ceticismo sofreu um leve abalo. Leve, devo frizar mais uma vez... mas já é alguma coisa. Ontem escutei coisas sobre meu futuro, em geral, coisas positivas ligadas à minha vida profissional, pessoal e familiar. Também escutei sobre espíritos que rondam as pessoas e que podem atrapalhar a vida dos que são mais sensíveis... mas nada que pudesse alterar minha forma de ver essas coisas. Contudo, um ponto me chamou muito a atenção: lendo minha mão, Diva disse que sou uma pessoa muito sonhadora, que sonho acordada e dormindo, sonho sempre com o futuro e que isto pode me atrapalhar. Essa foi a parte mais interessante uma vez que me queixei (acho que pela primeira vez na vida) de forma muito intensa dos meus sonhos e planos para o futuro, falando inclusive de como eles me atrapalhavam ser feliz. O excesso de sonhos e planos futuros faz com que eu empreenda uma busca constante, incansável, de algo que sempre vejo como muito distante. Frequentemente essa busca me faz não viver plenamente o presente, pois todos os meus focos ficam no futuro. Os planos me movem sim, mas hoje, neste exato momento, me tornam infeliz.
Confesso que fiquei bastante impressionada, afinal, a Diva é daquelas amigas de longas datas, mas que nos últimos anos tem contato comigo apenas em situações sociais, que envolvem muito alcool, risada e conversa fútil. Jamais expus nada disso a ela, nunca. Em todo caso, acho que ontem algo legal aconteceu: meu ceticismo radical e cruel sofreu um leve espasmo. Ainda não posso prever se isso abalará sua sólida estrutura (gostaria muito disso!), provavelmente não, mas devo admitir que foi muito positivo ficar em dúvida sobre em que acreditar.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

O sonho

Há alguns dias tive um sonho muito estranho e certamente bastante significativo. Imagens deste sonho têm me perseguido diariamente com uma clareza assustadora. Enfim, eis meu sonho:
Estava em um churrasco, cercada de pessoas conhecidas mas que não eram muito próximas. Penso que talvez fosse um churrasco de alguns alunos, mas não estou certa disso. Nesse churrasco aconteceu uma briga e uma das pessoas pegou uma arma e atirou. O tiro acidentalmente acertou-me no peito, bem no centro, na altura do coração. Contudo, nada de grave me aconteceu. A bala era "ruim" e não conseguiu perfurar o osso, apenas furou minha pele e ficou encravada no osso, sem atinguir nenhum órgão vital. Eu continuei lúcida e tranquila, apenas pedi licença às pessoas dizendo que precisava ir a um hospital. As pessoas não se incomodaram muito e continuaram a animada festa. Alguém me deu carona, iria me levar até alguém da minha família para que então eu fosse para o hospital. Ao encontrar as pessoas da minha família, também nada foi imediato. Pegamos um grande congestionamento na avenida Araguaia, lá estava acontecendo um desfile de carnaval (em pleno dezembro!), depois ainda tivemos que ir até o campus da UFG resolver algumas coisas do meu pai, e ainda passei por uma reunião de professores de uma das faculdades onde trabalho. Enfim, não conseguia chegar até um hospital pra tratar daquela ferida, sempre alguma atividade, algum compromisso (meu ou dos outros) me impedia. O que mais me chamou a atenção porém não foi isso, mas sim a imagem da bala encrustada do meu peito. O tempo todo eu olhava para aquela ferida aberta e a bala funcionava como uma espécie de rolha, tapando o sangue que tentava escorrer. Em alguns momentos eu tentei remover a bala com as mãos, mas toda vez que fazia isso o sangue começava a brotar e tudo que estava dentro ameaçava sair, escorrer em grande intensidade. O sonho não tem um fim, eu acordei antes disso... mas a imagem dessa ferida não me sai da cabeça, assim como as primeiras leituras que faço dela. E tem gente que ainda não acredita no inconsciente...

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Sobre a inveja... ou sobre a humanidade

Não há sentimento pior que a inveja
Nada corroi mais por dentro
Nada machuca tanto
E, neste momento, sinto inveja de uma fedelha de 20 e poucos anos...
Eu sou HUMANA!

sábado, 25 de novembro de 2006

Todas as cartas na mesa...

Agora é definitivo. Todas as cartas estão na mesa. Ele não mais esconde o jogo. Não há o que esconder. Há apenas uma decisão a ser tomada: continuar o jogo hipócrita e sujo com chances de lucros ou grandes prejuízos, ou sair fora deixando tudo o que foi investido pra trás. Continuar no jogo, agora totalmente explícito, significa continuar mantendo uma relação com essas pessoas, significa continuar escutando as mesmas piadinhas ofencivas e sem graça, continuar desenvolvendo o trabalho pesado e nunca sendo reconhecida, significa estagnação. Continuar no jogo significa também colocar nas mãos do competente adversário a possibilidade do êxito ao final de tudo, êxito este que é uma possibilidade, mas não uma certeza. Por outro lado, sair da mesa de jogo e virar as costas ao jogador significa abrir mão de todo trabalho de longo tempo, insitar o ódio no excelentíssimo e passional adversário mas, significa também algum tempo de saúde mental.
Hoje minha opção é continuar jogando... mas deixando claro a todos que, a qualquer momento, posso abandonar a partida e seguir minha vida. Dessa vez, quem dará as cartas sou eu.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Sobre a tristeza

Uma tristeza imensa que me consome e me domina. Não há motivo aparente. Não há um agente responsável. Não há um evento precipitador. Há apenas meu olhar triste para o mundo, para as pessoas, para o futuro.
A tristeza é sem dúvida um problema e um transtorno. Não pra mim, que hoje sou consumida por ela. Eu posso me esconder debaixo de um cobertor, fechar os olhos e ali ficar por algumas horas. Posso dizer que sinto uma grande dor de cabeça, essa é a fórmula ideal, e assim poderei ficar sozinha imersa em mim mesma.
Mas a tristeza acaba se tornando um grande problema... para as pessoas que a gente gosta. É impossivel disfarçar uma tristeza genuína. É impossível fingir que não se sente, quando essa é a úica coisa que se sente. E como dar uma explicação sobre essa tristeza gigantesca que sinto? Não tem explicação. Acreditem, esse é o grande problema em estar triste: a cobrança do mundo para que você fique bem! Tolerar a própria tristeza é fácil, difícil é tolerar a tristeza dos outros, de quem a gente gosta.
Nesse momento estou sozinha e estou triste. Mais tarde, perto de olhares observadores por todos os lados (eu trabalho ou estou com pessoas o tempo todo!) essa tristeza terá que se recolher ainda mais. Não há espaço pra ela. Não há espaço para sentimentos genuínos. Há espaço apenas para as aparências... e que esta seja agradável aos olhos de todos.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

...não é mesmo, Bebê?

Nos encontramos quase todos os dias, em algum momento do intervalo das aulas, na sala dos professores ou em algum corredor da faculdade. Não adianta fugir. Semanalmente isso vai acontecer. Ao vê-lo penso novamente: seja paciente e educada, como sua mãe lhe ensinou. Então respiro fundo e o cumprimento com o mesmo Bom dia! cordial e amigo de sempre. Então me preparo para ouvir pelo menos 15 minutos de brincadeirinhas sobre a psicologia, sobre os psicólogos, sempre intercalados com dizeres do tipo: não é mesmo, xuxu? Ninguém merece!!! Já elaborei todos os tipos de hipóteses que considero minimamente plausíveis. Inicialmente pensei o mais simples: ele não sabe meu nome e, querendo ser agradável com a colega de trabalho novata, puxa conversas descabidas e utiliza nomenclaturas no minimo estranhíssimas (Xuxu, Bebê, Mocinha... por aí vai). Bom, considerando que ele é um professor universitário que vestiu uma camiseta da banda(?) Rebeldes em um dia de show na cidade, tudo é possível, acredite!!! Depois, com a insistência em referir-se a mim como Bebê, concluí que a situação não era tão simples assim: certamente ele quer me ofender. Na verdade, essa postura não me surpreende nem um pouco. Várias vezes fui sutilmente ofendida, diminuida ou discriminada em meu ambiente de trabalho por (aparentar!) ser bem mais jovem que os outros professores. Brincadeiras sutis que já ouvi várias em sala de aula, vindas principalmente de alunos homens que não aceitam que uma mulher, bonita, inteligente e mais jovem que eles possam ensina-los algo. Lidar com esta situação em sala de aula é bem mais simples, lá eu tenho autoridade. Agora, lidar com essa situação estando entre colegas de trabalho é bem mais complicado. Minha fórmula: resolvi ignorar, soltar sorrisos amarelos e fazer cara de quem não está entendendo nada e assim, simplesmente me esquivar. Tudo estava dando certo, tudo estava razoavelmente bem até a tarde de hoje quando o referido colega me pára e convida-me pra sair. Ufa, era isso! Problema resolvido... agora o colega saberá que meu coraçãozinho já tem dono e finalmente meus ouvidos não escutarão mais ninguém me chamando de "Bebê"...

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Top 3

* plágiando idéia da minha irmã, que plageou minha cunhada...


3 coisas que me assustam:
morte, violência e uma vida medíocre.

3 coisas que eu odeio:
ser tratada como idiota, desrespeito e cinismo.

3 pessoas que me fazem rir:
Alexandre, amigos e amigas.

3 coisas que eu amo fazer:
viajar, namorar e tomar café no fim de tarde.

3 coisas que eu não entendo:
informática, motor de carro e por que meu salário atrasa.

3 coisas em cima da minha mesa:
computador, post-it e livros.

3 coisas que eu estou fazendo agora:
esperando o almoço, falando ao telefone e postando.

3 coisas que eu quero fazer antes de morrer:
viver em outro país, viajar muito e me tornar uma pessoa menos cética.

3 coisas que eu sei fazer:
dar aulas, sambar e aproveitar os pequenos prazeres da vida.

3 maneiras de descrever a minha personalidade:
ansiosa, verdadeira e confiável.

3 coisas que eu não consigo fazer:
aprender francês, aprender inglês e ser mais prática.

3 bandas/cantores que eu recomendo:
Barfly, Magic Numbers e Seu Jorge.

3 bandas/cantores que eu NÃO recomendo:
todos os cantores sertanejos, todos os grupos de pagode e o Latino.

3 filmes que eu recomendo:
Pulp Fiction, Dogville e o Hotel Huanda.

3 coisas que eu digo frequentemente: "especificamente", "hum hum" e "vamos lá, coragem!"

3 das minhas comidas preferidas:
pizza, café com pão de queijo e churrasco.

3 coisas que eu bebo regularmente:
cerveja, coca-cola e vinho.

3 programas de tv que eu assistia quando era pequena: xou da xuxa, sessão desenho e os trapalhões.

3 coisas que eu gostaria de aprender:
falar francês e inglês, trabalhar com mais praticidade e ganhar dinheiro.

3 coisas que eu pretendo fazer nesse mês: corrigir todas as provas atrasadas dos meus alunos, juntar dinheiro, reorganizar meus planos pro futuro.

3 músicas agora:
Uptown girl - Billy Joel, Forever lost - Magic Numbers, São Gonça - Farofa carioca.

3 palavras agora: saudade, inquietação, preguiça!

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Braços, pernas e travesseiros

E dormiremos com braços e pernas
entrelaçados como tentáculos,
enredados em estranhas combinações,
coordenadas por regras específicas,
previamente ensaiadas para:
apoiar a cabeça no mesmo travesseiro,
compartilhando sonhos e reminiscências noturnas
(um invadindo as lembranças alheias,
reescrevendo o passado que não viveu),
ou deitar a bochecha contra o tronco do outro,
ou mudar a posição dos corpos no meio da noite:
quando eu estiver com a mão dormente,
e sentir necessidade de virar para o outro lado,
um movimento sutil descolando o meu braço da sua nuca
irá disparar uma série de passos complexos
e nós, em poucos segundos,
voltaremos a nos abraçar,
agora em posição oposta:
o seu braço sobre o seu peito ,
a sua perna abaixo da minha perna,
meu joelho apoiado na sua coxa,
as mãos dadas em encaixes geométricos,
seu nariz tocando um ponto específico da minha nuca,
soprando um ar de segredos na minha pele,
sibilando uma música diferente a cada noite...

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Socorro!!!

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que este já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Com tanto sentimento deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento,
acostamento,
encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada...

By: Arnaldo Antunes

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Goiânia 73 anos, mais do mesmo

Hoje, aniversário de Goiânia, sinto-me como um ET vivendo neste lugar. Não me encaixo, não faço parte deste contexto. Acho que vim de outro planeja e por algum desvio de rota fui jogada neste lugar... esta é a única explicação para minha completa sensação de estranheza. Onde está a "metrópole que cresce em ritmo acelerado, cheia de pessoas acolhedoras e também as mais belas do Brasil (heim?), repleta de oportunidades, com praças e avenidas amplas e alegres, e com opções de cultura, diversão e lazer para todos os gostos"? Onde está a "cidade maravilhosa que exporta (é claro!!!) riquezas e talentos para o mundo todo, que é referência em progresso e crescimento, a melhor do país em qualidade de vida"? Será que este lugar é assim tão maravilhoso e apenas eu não consiga enxergar?
Não acredito que Goiânia seja o pior lugar do mundo para se viver. Em hipótese alguma. Ao contrário, esta é uma cidade maravilhosa para qualquer pessoa que tenha como ambição de vida apenas ter um emprego, uma casa, família e uma vida estável e comum. Este é meu grande problema: eu não quero essa vida. Eu quero mais que isso... e não será em Goiânia que vou encontrar. Parabéns Goiânia, por ser apenas mais uma cidade do interior de um país da américa latina, e por não ambicionar ser mais do que isso!

domingo, 22 de outubro de 2006

Marx: mais atual que nunca...

Eu estava diante de um sapo, na verdade, um sapão gordo, grizalho, de bigode caído por cima da boca, cabelos desgrenhados e gotas de suor que escorriam insistentemente sobre a testa. Suas vestimentas não poderiam ser mais apropriadas para seu perfil: uma camisa amarela muuuuito amassada e com colarinho encardido, combinando com uma calça preta bastante descorada. Inegavelmente era uma figura desprevível e horripilante. Antes que me considerem preconceituosa, afirmo que sou sim preconceituosa, principalmente com esse tipo de homem prepotente e vulgar.
Enquanto ele se esparramava naquela cadeira que mal o cabia, eu me portava séria, calada e de pé em sua frente, aguardando-o terminar uma ligação telefônica. Terminado aquele telefonema, a verdadeira tortura começou: manter-me calma, integra, sob controle. Cada palavra que eu disse foi cuidadosamente calculada, medida e submetida ao mais rigoroso juiz: eu mesma. Sem dúvida alguma portei-me bem, digna de respeito. Não lhe xinguei, não gritei aos quatro cantos o quanto ele era injunsto e prepotende, não chorei diante de seu sorriso cínico e suas insinuações humilhantes. Não lhe enfiei a mão na cara, nem saí batendo a porta (isso era o mínimo que ele merecia). Não... apenas conservei o que resta de minha dignidade lhe proferindo um ríspido "boa tarde pro senhor", saindo rapidamente da sala antes que alguma lágrima caísse dos meus olhos, ou que alguém percebesse o tremor de minhas mãos.
Hoje rendo-me a Marx, este, mais atual do que nunca. O poder corrompe, e o proletariado, submetido aos mandos e desmandos da burguesia, despersonifica-se e torna-se coisa. O trabalhador não mais se reconhece no fruto de seu trabalho. O trabalhador sequer se reconhece como pertencente àquele contexto, é apenas objeto, uma peça da engrenagem e que, portanto, pode ser facilmente substituída... bastando, para isso, que não esteja funcionando bem.

sábado, 21 de outubro de 2006

O que me move...

Descobri que sou movida por planos, projetos para o futuro. Nunca me contentei com uma vida cotidiana e banal, mesmo que ela fosse bastante prazerosa. O cotidiano me entedia profundamente, e minha válvula de escape são os planos e projetos futuros. Um bom emprego, bons amigos, um namorado delicioso, finais de semana em barzinhos, cinema no domingo, café no fim de tarde... tudo isso é muito bom... mas eu sempre quero mais. Pra mim, nada disso faz sentido se não tenho em mente um desejo profundo e direcione minha vida pra isso. Estou sempre em busca de algo a mais. E sempre foi assim: com minhas viagens, minha vida profissional, meu mestrado... essas coisas todas que eu fiz um dia foram projetos que orientaram cada minuto do meu dia.
Hoje vivo um momento diferente. Acho que posso chamar de um momento de crise (aqui usado como no sentido original Krisis). Neste exato momento, meus planos de futuro falharam e meu maior projeto para o próximo ano desabou. Tudo errado, falha completa... não apenas minha, mas meu ceticismo não me autoriza pensar em sorte ou acaso. Hoje não há planos ou projetos que me movam... hoje vivo apenas a vida cotidiana. Não sei até quando suportaria ficar assim... mas sei que projetos de vida não são construídos da noite para o dia.