sábado, 25 de novembro de 2006

Todas as cartas na mesa...

Agora é definitivo. Todas as cartas estão na mesa. Ele não mais esconde o jogo. Não há o que esconder. Há apenas uma decisão a ser tomada: continuar o jogo hipócrita e sujo com chances de lucros ou grandes prejuízos, ou sair fora deixando tudo o que foi investido pra trás. Continuar no jogo, agora totalmente explícito, significa continuar mantendo uma relação com essas pessoas, significa continuar escutando as mesmas piadinhas ofencivas e sem graça, continuar desenvolvendo o trabalho pesado e nunca sendo reconhecida, significa estagnação. Continuar no jogo significa também colocar nas mãos do competente adversário a possibilidade do êxito ao final de tudo, êxito este que é uma possibilidade, mas não uma certeza. Por outro lado, sair da mesa de jogo e virar as costas ao jogador significa abrir mão de todo trabalho de longo tempo, insitar o ódio no excelentíssimo e passional adversário mas, significa também algum tempo de saúde mental.
Hoje minha opção é continuar jogando... mas deixando claro a todos que, a qualquer momento, posso abandonar a partida e seguir minha vida. Dessa vez, quem dará as cartas sou eu.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Sobre a tristeza

Uma tristeza imensa que me consome e me domina. Não há motivo aparente. Não há um agente responsável. Não há um evento precipitador. Há apenas meu olhar triste para o mundo, para as pessoas, para o futuro.
A tristeza é sem dúvida um problema e um transtorno. Não pra mim, que hoje sou consumida por ela. Eu posso me esconder debaixo de um cobertor, fechar os olhos e ali ficar por algumas horas. Posso dizer que sinto uma grande dor de cabeça, essa é a fórmula ideal, e assim poderei ficar sozinha imersa em mim mesma.
Mas a tristeza acaba se tornando um grande problema... para as pessoas que a gente gosta. É impossivel disfarçar uma tristeza genuína. É impossível fingir que não se sente, quando essa é a úica coisa que se sente. E como dar uma explicação sobre essa tristeza gigantesca que sinto? Não tem explicação. Acreditem, esse é o grande problema em estar triste: a cobrança do mundo para que você fique bem! Tolerar a própria tristeza é fácil, difícil é tolerar a tristeza dos outros, de quem a gente gosta.
Nesse momento estou sozinha e estou triste. Mais tarde, perto de olhares observadores por todos os lados (eu trabalho ou estou com pessoas o tempo todo!) essa tristeza terá que se recolher ainda mais. Não há espaço pra ela. Não há espaço para sentimentos genuínos. Há espaço apenas para as aparências... e que esta seja agradável aos olhos de todos.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

...não é mesmo, Bebê?

Nos encontramos quase todos os dias, em algum momento do intervalo das aulas, na sala dos professores ou em algum corredor da faculdade. Não adianta fugir. Semanalmente isso vai acontecer. Ao vê-lo penso novamente: seja paciente e educada, como sua mãe lhe ensinou. Então respiro fundo e o cumprimento com o mesmo Bom dia! cordial e amigo de sempre. Então me preparo para ouvir pelo menos 15 minutos de brincadeirinhas sobre a psicologia, sobre os psicólogos, sempre intercalados com dizeres do tipo: não é mesmo, xuxu? Ninguém merece!!! Já elaborei todos os tipos de hipóteses que considero minimamente plausíveis. Inicialmente pensei o mais simples: ele não sabe meu nome e, querendo ser agradável com a colega de trabalho novata, puxa conversas descabidas e utiliza nomenclaturas no minimo estranhíssimas (Xuxu, Bebê, Mocinha... por aí vai). Bom, considerando que ele é um professor universitário que vestiu uma camiseta da banda(?) Rebeldes em um dia de show na cidade, tudo é possível, acredite!!! Depois, com a insistência em referir-se a mim como Bebê, concluí que a situação não era tão simples assim: certamente ele quer me ofender. Na verdade, essa postura não me surpreende nem um pouco. Várias vezes fui sutilmente ofendida, diminuida ou discriminada em meu ambiente de trabalho por (aparentar!) ser bem mais jovem que os outros professores. Brincadeiras sutis que já ouvi várias em sala de aula, vindas principalmente de alunos homens que não aceitam que uma mulher, bonita, inteligente e mais jovem que eles possam ensina-los algo. Lidar com esta situação em sala de aula é bem mais simples, lá eu tenho autoridade. Agora, lidar com essa situação estando entre colegas de trabalho é bem mais complicado. Minha fórmula: resolvi ignorar, soltar sorrisos amarelos e fazer cara de quem não está entendendo nada e assim, simplesmente me esquivar. Tudo estava dando certo, tudo estava razoavelmente bem até a tarde de hoje quando o referido colega me pára e convida-me pra sair. Ufa, era isso! Problema resolvido... agora o colega saberá que meu coraçãozinho já tem dono e finalmente meus ouvidos não escutarão mais ninguém me chamando de "Bebê"...