E dormiremos com braços e pernas
entrelaçados como tentáculos,
enredados em estranhas combinações,
coordenadas por regras específicas,
previamente ensaiadas para:
apoiar a cabeça no mesmo travesseiro,
compartilhando sonhos e reminiscências noturnas
(um invadindo as lembranças alheias,
reescrevendo o passado que não viveu),
ou deitar a bochecha contra o tronco do outro,
ou mudar a posição dos corpos no meio da noite:
quando eu estiver com a mão dormente,
e sentir necessidade de virar para o outro lado,
um movimento sutil descolando o meu braço da sua nuca
irá disparar uma série de passos complexos
e nós, em poucos segundos,
voltaremos a nos abraçar,
agora em posição oposta:
o seu braço sobre o seu peito ,
a sua perna abaixo da minha perna,
meu joelho apoiado na sua coxa,
as mãos dadas em encaixes geométricos,
seu nariz tocando um ponto específico da minha nuca,
soprando um ar de segredos na minha pele,
sibilando uma música diferente a cada noite...
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