Ontem, na comemoração de pré-natal entre os amigos, tive uma experiência curiosa: leram minha mão! Em qualquer situação, para mim, isso seria algo muito banal e sem importância alguma, uma brincadeira de criança. Mas ontem não foi bem assim. Devo confessar: meu ceticismo sofreu um leve abalo. Leve, devo frizar mais uma vez... mas já é alguma coisa. Ontem escutei coisas sobre meu futuro, em geral, coisas positivas ligadas à minha vida profissional, pessoal e familiar. Também escutei sobre espíritos que rondam as pessoas e que podem atrapalhar a vida dos que são mais sensíveis... mas nada que pudesse alterar minha forma de ver essas coisas. Contudo, um ponto me chamou muito a atenção: lendo minha mão, Diva disse que sou uma pessoa muito sonhadora, que sonho acordada e dormindo, sonho sempre com o futuro e que isto pode me atrapalhar. Essa foi a parte mais interessante uma vez que me queixei (acho que pela primeira vez na vida) de forma muito intensa dos meus sonhos e planos para o futuro, falando inclusive de como eles me atrapalhavam ser feliz. O excesso de sonhos e planos futuros faz com que eu empreenda uma busca constante, incansável, de algo que sempre vejo como muito distante. Frequentemente essa busca me faz não viver plenamente o presente, pois todos os meus focos ficam no futuro. Os planos me movem sim, mas hoje, neste exato momento, me tornam infeliz.
Confesso que fiquei bastante impressionada, afinal, a Diva é daquelas amigas de longas datas, mas que nos últimos anos tem contato comigo apenas em situações sociais, que envolvem muito alcool, risada e conversa fútil. Jamais expus nada disso a ela, nunca. Em todo caso, acho que ontem algo legal aconteceu: meu ceticismo radical e cruel sofreu um leve espasmo. Ainda não posso prever se isso abalará sua sólida estrutura (gostaria muito disso!), provavelmente não, mas devo admitir que foi muito positivo ficar em dúvida sobre em que acreditar.
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