sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Recordar, repetir e, às vezes, elaborar...

Sempre fiquei intrigada com padrões de comportamentos e de escolhas que fazemos ao longo da vida. São modelos ou formas de atuação que se repetem em diferentes ocasiões, épocas e situações. Algumas vezes esses padrões aparecem como pensamentos persistentes que (apesar de roupagens diferenciadas) são sempre "mais do mesmo".
Durante meus vários anos de análise, somados a outros tantos de estudo da teoria psicanalítica, aprendi que esses padrões fazem parte da dinâmica psíquica de cada um e a sua alteração é extremamente difícil, uma vez que implica em uma mudança profunda na forma de atuar e ser do sujeito.
Não tenho a menor intenção de escrever um compêndio psicanalítico ou ficar repetindo aquilo que qualquer um pode ler no original freudiano. Na verdade esse meu jeito de me expressar é apenas mais um padrão comportamental...
Bastaram poucos minutos pensando nestes padrões e consegui localizar os mais diferentes tipos de repetição nas pessoas próximas a mim. Têm aquelas que repetem pensamentos persecutórios, onde nas diversas ocasiões, seja no trabalho, em casa, entre os amigos, enfim, sempre as pessoas estão articulando algo ruim, malígno, estão fazendo coisas escondidas, estão armando algum tipo de golpe etc. Conheço pessoas que repetem modelos de relacionamento. São aqueles casos famosos em que a garota sempre se relaciona com homens que não prestam. Tem ainda as pessoas que são sempre as vítimas, que o mundo é terrível com elas, o sofrimento delas é sempre maior do que o de qualquer outra pessoa. Além disso, tem o modelo competitivo. Este padrão de comportamento compete com todo mundo, com os colegas de trabalho, com os amigos, com a família e até mesmo com o namorado. É aquele que tem que ser sempre o melhor... Enfim, a lista de padrões comportamentais é infindável. São várias formas e principalmente várias intensidades, indo do mais discreto e quase imperceptível até o nível patológico.
O fato é: eu, como todos os outros mortais, estou sempre a repetir um padrão. E o interessante é que, justamente por ser algo recorrente, eu praticamente não percebia esse modelo. Parecia simplesmente o meu jeito de ser.
Agora tudo está claro e está na hora de sair da repetição, passar para a elaboração. Está na hora de dar um salto qualitativo que transforme aquilo que se mostra... realmente não sei se isso algum dia efetivamente acontecerá, mas posso afirmar que nunca estive tão perto.

Um comentário:

Flávia disse...

Belo texto! Freud agradece!