quinta-feira, 17 de abril de 2008
Fragilidade
Não me proteja. Não me polpe dos detalhes mais sórdidos. Não esconda de mim aquilo que pode ser minha libertação, ainda que envolvida por muita dor. Trate-me como faz com os outros. Não sou mais frágil que ninguém. Lhe garanto que tenho recursos suficientes para suportar cada palavra que sai de sua boca. Não me proteja. A proteção é outra forma de me diminuir, de lhe confirmar minha fraqueza. Não me subestime, já suportei outras dores e sei que posso suportar as palavras ásperas e as verdades cruas. Sou mais forte do que você imagina, mas me mostro segundo seu olhar para mim. Tenho um jeito doce, uma voz suave e um olhar gentil. Sou assim. Aprendi a me apresentar assim aos olhos dos outros. Mas não me subestime, não caia nesse golpe. Você deveria ver além disso que as pessoas comuns vêem. Se você só vê a docura: parabéns, você é como os outros. Você só vê a casca. Você só vê aquilo que eu permito que vejam. Você não sabe de nada da minha história, da minha vida. Já passei por experiências que você só conhece de longe, talvez em cenas de cinema ou histórias contadas sobre um universo distante do seu. Não trago minha história estampada na cara. Trago minha história aqui dentro. E talvez, quando você parar de se enganar por minha aparência frágil, quando você parar de me subestimar, quando você parar de polpar de minhas próprias verdades... talvez aí você passe a saber um pouco mais de mim.
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