terça-feira, 1 de julho de 2008

Idiotização do mundo

Ontem assistia ao Programa do Jô, quando entrevistaram a filósofa Marcia Tiburi, a autora de "Filosofia em Comum - para ler junto". O livro tem uma idéia bem legal (inclusive, acabou de entrar na minha lista de próximos livros), uma nova forma de entender e praticar a filosofia etc. mas o que me chamou a atenção não foi exatamente isso. O que me prendeu em frente a tv aquelas horas da noite de uma segunda-feira foi a própria personalidade da autora e as coisas que ela falava. Dentre vários pontos interessantes, ela disse algo que há muito converso com as pessoas: o mundo está sofrendo um processo de idiotização. As pessoas estão se tornando cada vez mais idiotas e isso tem sido considerado algo comum, normal. Existe uma preguiça generalizada de pensar sobre a vida ou sobre qualquer coisa que ultrapasse uma conversa fiada ou fofoca sobre vizinhos. Ler virou sinônimo de perder tempo. Se você estuda, dá importância para o que o professor fala, você é chamado de CDF, de idiota, de puxa-saco, pelo simples fato de prestar atenção em uma aula, ou fazer uma pergunta que fuja de algo totalmente óbvio (sei disso porque sou professora UNIVERSITÁRIA e neste ambiente esse tipo de comportamento acontece com mais freqüência do que qualquer um gostaria de imaginar). E o pior é que a imensa maioria das pessoas parece não se importar, como se isso fosse assim mesmo... Lembro-me bem que há pouco tempo eu condenava meu namorado quando ele dizia que "apenas 10% das pessoas no mundo valem a pena conhecer, o restante é total perda de tempo". Eu já cheguei a achar essa frase um absurdo. Porém, no ritmo que as coisas vão, ela está se tornando uma regra de convivência. No programa que assisti só (?) foi debatido a "idiotização do mundo", mas creio que a discussão tiraria o sono de qualquer um se fosse extendida também à questão dos valores sociais e das regras de convivência. Esse aspecto é o que mais tem me espantado. Todos os dias chegam aos meus ouvidos histórias de pessoas que enganam, mentem, sacaneiam, maltratam e ferem ao mesmo tempo que juram amor eterno. E o pior, não existe culpa ou remorso. É algo normal, como se fosse tudo bem sacanear os outros. É traição, mentira, roubo, furto, um cheque sem fundo, um golpe em um desconhecido, não devolver um troco que veio a mais. Basta encontrar uma desculpa qualquer e pronto, é como se estivesse tudo bem. Podem me chamar de "Poliana" se quiserem, mas não consigo me acostumar, continuo me chocando com essas pessoas e, aos poucos, perdendo a esperança na humanidade. É a idiotização e a falta de ética dos nossos tempos. Eu só tenho uma certeza: nunca vou me juntar a eles...

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